A Igreja, a Idade média, o Iluminismo e as ciências, Parte 2 de 3

O final da Idade Média ficou marcado por evoluções em praticamente todas as áreas do conhecimento: das artes ao calendário.


                As primeiras reflexões sobre as ciências e sobre o método científico foram feitas no século XIII. Desde então, um movimento de filósofos e pensadores que buscavam promover o uso do método indutivo para a interpretação da natureza, passou a existir. No segundo texto da série sobre o nascimento das ciências naturais, falarei sobre esse movimento, que começou às escondidas, sofreu retaliações por todos os lados e teve seu ponto máximo na publicação das leis de Newton.
                Enquanto a Europa estava mergulhada em guerras, doenças e disputas políticas entre bispos e senhores feudais, o mundo árabe fez questão de conservar boa parte do conhecimento produzido pelos filósofos egípcios e gregos. Além disso, desenvolveram o alfabeto arábico e os algarismos arábicos e uma importante parte da matemática: a álgebra.
                Um movimento surgido na Europa buscava se inspirar não nos textos deixados pelos gregos, mas sim nos métodos adotados pela filosofia grega. Esse movimento se opunha a quaisquer superstições e buscava o uso do método da indução e da interpretação da natureza como um meio de se opor aos abusos cometidos pela Igreja, pelos reis e pela burguesia. Basicamente, eram perseguidos pela Igreja Católica, pela Igreja Protestante, após seu surgimento e também pelos nobres e burgueses.
                Tal movimento seguiu às escuras, criando algumas poucas tecnologias, remédios e soluções de engenharia para a construção de pontes, casas, igrejas e castelos, até que viu no iluminismo uma forma de ganhar força, uma vez que se baseava nos mesmos princípios que o iluminismo, mas não buscava os mesmos resultados.
                A maior conquista desse movimento foi a criação do calendário Gregoriano: no século XV, o calendário juliano estava defasado com relação aos movimentos da Terra. Isso significa que pecuaristas não tinham muita confiança nos calendários para datas de plantio e colheita em uma sociedade que começava a se aglomerar em cidades grandes novamente. Um problema ainda maior atingia cristãos: era impossível determinar com precisão a data da páscoa e católicos poderiam estar comendo carne em períodos que, na verdade, não deveriam.
                Para os cristãos, o domingo de páscoa acontece no primeiro domingo que sucede o equinócio de primavera no hemisfério norte. Tradicionalmente a páscoa era celebrada por povos hebreus, que se enfaravam com os alimentos que foram racionados durante o inverno. Após a morte de Cristo, a páscoa passou a ser celebrada por Judeus e Cristãos também com finalidade religiosa. Mas, erros no calendário, poderiam mudar essa data.
                Já no século XVI, por ordem do papa Gregório XIII, minuciosas observações astronômicas foram feitas e, em 1586, por ordem do próprio papa, foi promulgado o calendário gregoriano, um dos primeiros frutos da astronomia. Diferente do calendário Juliano, que atrasava um dia a cada 100 anos, em média, estava basicamente 20 dias atrasado em relação à data “real”. O calendário Gregoriano tem uma precisão de quatro casas decimais, considerando a duração do ano como sendo 365,2564 dias, com correções a cada 4 anos (anos bissextos), a cada 100 e a cada 400 anos.
                Enquanto isso, sendo patrocinado pelo rei da Dinamarca, Tycho Brahe realizou anotações extremamente precisas dos movimentos dos planetas do Sistema Solar, principalmente de Marte.
                Essas anotações foram usadas por Kepler, em 1605, para tirar a Terra do centro do universo. Mas, esse é assunto para o próximo texto. Continue acompanhando!

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