Nos noticiários e canais de divulgação científica é bastante
comum vermos informações sobre novas descobertas, substâncias que curam doenças
e também sobre mudanças nos processos de produção de plantas, alimentos e
bebidas. Mas, você já parou pra pensar por que essas descobertas raramente vão
parar nas próximas edições dos livros didáticos?
Muitas vezes pensamos que o conhecimento é produzido da forma
que o estudamos na sala de aula, mas, o conhecimento que é produzido nas
universidades e centros de pesquisa passa por um longo processo até a sala de
aula. Vamos falar sobre algumas dessas etapas por aqui.
Nos centros de pesquisa, o conhecimento produzido contem uma
linguagem altamente técnica e científica, sendo composto essencialmente por
números, fórmulas ou textos que usam a linguagem específica de determinada área
do conhecimento. Esses documentos são transcritos e geram informações usadas
por cientistas para gerar conhecimento, que é compartilhado em linguagem ainda
científica, em eventos direcionados a pesquisadores e industrias que podem, ou
não, transformar esse conhecimento em tecnologia.
Na divulgação desse conhecimento, está a divulgação
científica, um ramo que tem por objetivo traduzir o conhecimento para uma
linguagem mais acessível. Pessoas ligadas à divulgação científica estão na
imprensa e nas redes sociais. Um dos problemas do mundo atual é que, em uma
busca pelo furo de reportagem ou pela vanguarda na divulgação de uma
descoberta, a imprensa acaba divulgando informações incorretas, enquanto pessoas
sem o conhecimento necessário para a correta interpretação da linguagem
científica podem gerar especulações ou boatos sobre determinado tema.
Fica a
pergunta: como tornar o conhecimento acadêmico acessível às pessoas?
Nessa fase entra o profissional da educação. Nessa classe,
estão incluídos todos aqueles que trabalham para tornar o conhecimento
acessível às pessoas e por pesquisar sobre como ensinar e também sobre como
ensinar a ensinar.
O trabalho dos profissionais da educação é delicado e muitas
vezes algo extremamente difícil de se fazer: pegar os resultados de pesquisas
recentes e transcrever esses resultados para os livros didáticos em uma
linguagem acessível, sem que a essência da pesquisa, as metodologias e mesmo o
formalismo matemático usado no trabalho sejam alterados ou perdidos.
Outras duas perguntas importantes e relevantes a serem
feitas são: “esse conhecimento é realmente relevante para o currículo escolar,
ou apenas para as pessoas que se interessam muito por determinado assunto?” e “Os
professores das escolas, principais profissionais da educação e que estão no
outro lado, onde o conhecimento é ensinado, possuem capacitação para ensinar
esse conhecimento? Se não, como transformar esse texto em um conteúdo que o
professor possa explicar em suas aulas?” Claro que o professor possui papel
importante na hora de responder a essas duas perguntas.
Viu como é complicado esse trabalho? Por isso, dificilmente
as descobertas que estão sendo anunciadas nas revistas e nas páginas de
divulgação científica hoje estarão nas apostilas e livros didáticos do próximo
ano letivo.
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